Estrutura abalada

Se pudesse ser medido pela escala Richter – usada para dimensionar terremotos -, o escândalo que abalou esta semana o mundo do futebol teria tranquilamente chegado quase ao índice máximo já registrado na história: 9.5 pontos.
Embora o “epicentro” do abalo tenha sido em Zurique, na Suíça, com a prisão de várias pessoas ligadas à cúpula da Fifa, o Brasil também sentiu o tremor, algo em torno de 7.1, na mesma escala – só para lembrar outra t ragédia recente do futebol brasileiro.
Isso porque dentre os presos está o ex-presidente da poderosa Confederação Brasileira de Futebol (CBF), José Maria Marin, no alto de seus 83 anos de idade, acusado de uma série de desmandos durante seu mandato recente, nos últimos quatro anos à frente da entidade nacional.
A surpresa nem é pelas negociatas reveladas na CBF, que há um bom tempo são quase uma marca registrada da casa, mas pela prisão de um de seus mandatários – tomara que não fique só nele. O próprio Marin, no auge do espanto, ao receber voz de prisão, teria exclamado: “Por que só eu?”. Devia saber muito bem o que estava falando…
Outra curiosidade, que revela a faceta tipicamente brasileira, é que precisou a polícia dos Estados Unidos expor a situação ao mundo, para que se chegasse a um dos ex-presidentes da CBF. Ou seja, dos inúmeros inquéritos abertos aqui no Brasil, pelas mesmas suspeitas de “balcão de negócios” e irregularidades, a maioria com apoio do então deputado federal e hoje senador, Romário, nenhum surtiu o efeito esperado – para alegria principalmente de quem já tinha “feito a festa” e ainda curtia os dividendos, até fora do país.
Tomara que, a partir desta exposição mundial, inclusive com o banimento do futebol de um de seus chefões, a CBF não se limite a tirar o nome “José Maria Marin” do imponente prédio que abriga sua sede, no Rio de Janeiro. Afinal, se tal medida servisse de exemplo, não teria se repetido.
Muitos se lembram que o nome de “João Havelange” também foi retirado do Estádio Olímpico, o popular “Engenhão”, no Rio de Janeiro, depois que famoso dirigente brasileiro teve que renunciar ao cargo de presidente de honra da Fifa, também por envolvimento em propinas.
Ainda é difícil acreditar – o suíço Joseph Blatter foi reeleito ontem para seguir na presidência da Fifa -, mas vamos pelo menos esperar que nos escombros deste verdadeiro terremoto, surja um pouco de dignidade às pessoas que continuarão no comando do futebol mundial.
E que os efeitos positivos também cheguem por aqui…