Agora ou nunca…

Com a prisão e banimento do esporte de um dos mandatários da CBF, José Maria Marin, o futebol brasileiro tem tudo para ser passado a limpo, quem sabe até resgatando a autoestima do torcedor, cansado de ver tantas falcatruas, negociatas, enriquecimentos ilícitos, contratos superfaturados, propinas etc
Cogita-se, inclusive, que os clubes filiados à CBF possam criar uma liga independente, tirando da entidade os poderes supremos sobre o futebol nacional. Essa tem sido uma das preocupações do seu atual presidente, Marco Polo Del Nero, que vivia agarrado com José Maria Marin na gestão anterior, mas, depois do escândalo que abalou o mundo do futebol, só falta falar que nunca o viu mais gordo.
O momento é propício também para o Governo Federal emplacar a chamada MP do Futebol, que inicialmente renegociaria as dívidas fiscais dos clubes com a União, masexigiria algumas contrapartidas interessantes, como a transparência de gestão, com a responsabilização direta de seus dirigentes, etc.
Não por acaso, tais medidas vinham encontrando uma série de resistências, inclusive dentro da CBF. Mas agora, sem moral para contestar nada, talvez engula “goela abaixo”, antes que a situação piore para os lados da Barra da Tijuca.
E saber que a prisão de Marin, tudo indica, pode ser apenas o começo de uma série de escândalos revelados na entidade, coisa que qualquer leigo já desconfiava, mas que agora estão próximos de vir a público, com riqueza de detalhes. Depois que até o presidente da Fifa, Joseph Blatter, renunciou ao cargo, três dias depois de ser reeleito – mas ainda pedindo um tempo, para quem sabe “limpar a gaveta” – tudo é possível no submundo do futebol.
Com isso, tanto a Fifa como a CBF devem sofrer consequências nefastas num futuro próximo, principalmente pelo abalo de credibilidade, que pode afugentar seus parceiros comerciais. Afinal, qual empresa séria quer ver seu nome atrelado a escândalos, desvios de recursos, negócios escusos, ou algo do gênero?
Se não for desperdiçada esta chance de rever os conceitos do futebol brasileiro, quem sabe até o torcedor volte a se empolgar com sua Seleção, que há muito tempo virou um balcão de negócios. Como consequência, uma delas, nem parece que o time de Dunga está às vésperas de estrear na Copa América, mas cada torcedor sabe qual posição do seu time no “Brasileirão”.
Ou seja, a paixão do brasileiro pelo futebol não diminuiu, só mudou o foco. Com transparência e credibilidade, ela pode voltar para a Seleção. Até nisso, é “agora ou nunca”.
Ou, it’s now or never, para quem continua em Miami…