Sem aviso prévio, Porto Feliz sofre com greve no transporte coletivo de passageiros e valor da tarifa pode chegar a R$ 5,15

Cerca de 90 motoristas da Viação Polaz amanheceram em greve

A cidade de Porto Feliz teve um início de semana bem complicado. Na segunda-feira, dia 16, os cerca de 90 motoristas da Viação Polaz, que faz o transporte coletivo de passageiros na cidade, amanheceram em greve devido a atrasos no pagamento de salários, vale alimentação, repasse do FGTS e corte de benefícios, como o plano de saúde.

A greve não foi comunicada previamente e pegou de surpresa os passageiros. A empresa transporta cerca 4 mil pessoas por dia em 9 linhas e muitos encontraram dificuldades para chegar ao trabalho ou cumprir com seus compromissos como consultas médicas e exames.

Alguns optaram por fazer longas caminhadas para não se prejudicar no emprego, mas outros tiveram que desmarcar consultas ou adiaram compromissos, gerando prejuízo para todo o município. A paralização afetou também o transporte de fretamento, como os ônibus que são contratados por empresas para transportar seus funcionários.

Na tarde de segunda-feira, uma reunião foi marcada entre representantes da prefeitura, da empresa e do Sindicato dos Condutores de Veículos Rodoviários de Itu e Região, que representa os motoristas de Porto Feliz. Após o encontro, os motoristas decidiram retomar o trabalho na terça-feira pois, judicialmente, a greve seria considerada ilegal por não ter sido comunicada com 72 horas de antecedência. No entanto, caso não haja um acordo até sexta-feira, haverá de imediato a redução de 40% na prestação dos serviços.

A empresa alega que o valor arrecadado com o transporte coletivo não é suficiente para cobrir os custos e que apenas o reajuste da passagem não irá resolver o problema. No início do ano, a Polaz entrou com um pedido de reequilíbrio financeiro da operação junto à municipalidade.

A Prefeitura de Porto Feliz confirma que recebeu o pedido, protocolado em março, e afirma que solicitou documentos complementares para balizar a análise, que ainda não foram entregues. Conforme divulgou o portal G1, caso o pedido da empresa fosse atendido, a tarifa iria de R$ 3,20 para R$ 5,15, uma das maiores na região.

 Dificuldades do setor – De acordo com a última Pesquisa de Mobilidade da População Urbana, divulgada no ano passado pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) e Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), o governo federal tem atuado no sentido de facilitar a compra de automóveis e motocicletas, através de isenções tributárias para incentivo e desoneração do custo de produção da indústria automobilística. Desde então, segundo o estudo, observou-se um crescimento vertiginoso da frota de veículos nas cidades brasileiras, que atingiu mais de 160%, no caso dos automóveis no período 2000-2016. Essa política provocou inúmeros reflexos, entre eles o elevado nível de motorização dos deslocamentos realizados, que é de 77,2%, o que significa maior trânsito, mais poluição e menos pessoas usando o transporte coletivo, o que compromete a saúde financeira das empresas que operam o sistema.